Estudar na Espanha pode ser uma excelente oportunidade. Seja para dominar um novo idioma, alavancar a carreira profissional ou iniciar um novo ciclo de vida no exterior.
No entanto, o sistema de educação da Espanha possui diferenças significativas em relação ao do Brasil. A principal distinção é a duração e a carga horária que compõem cada etapa.
Nos Ensinos Médio e Fundamental a duração é semelhante, totalizando 12 anos de estudo em ambos países. Já na Universidade, é possível se formar antes na Espanha. Isso não quer dizer que os cursos superiores espanhóis tenham carga horária menor. Na verdade, o menor número de anos é compensado com mais horas de aula por dia.
ETAPAS DOS ESTUDOS NA ESPANHA
- Educação infantil
- Educação primária
- Educação secundária obrigatória
- Bachillerato
- Grau Médio
- Grau Superior
- Graduação
- Especialização
- Mestrado
- Doutorado
- Pós-doutorado
EDUCAÇÃO PRÉ-UNIVERSITÁRIA
EDUCAÇÃO INFANTIL (até os 6 anos)
A educação infantil se divide em dois ciclos, sendo o primeiro para crianças de 0 a 3 anos e o segundo para aqueles que têm entre 3 e 6 anos. Somente o segundo ciclo é gratuito por lei, ainda que alguns lugares da Espanha também ofereçam o Primeiro de maneira gratuita.
É importante levar em consideração que ainda que a educação infantil não seja obrigatória, é recomendável que os pequenos passem por essa fase, pois se torna um facilitador na socialização e no aprendizado do idioma.
Desde a educação infantil, o horário padrão das escolas é das 9h às 17h. Porém, os alunos não passam 8 horas integralmente em sala de aula. As pausas para o lanche e almoço são maiores, além da “siesta” e atividades extracurriculares.
EDUCAÇÃO PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA (entre os 6 e 16 anos)
A partir dos 6 anos, é obrigatório que as crianças passem a frequentar a escola. No caso dos estrangeiros, não é necessário realizar nenhuma homologação dos estudos prévios realizados fora do país. Para iniciar a aprendizagem, basta apresentar o passaporte na escola e realizar a matrícula na série correspondente com a idade.
Anualmente, o período de matrículas ocorre por volta do mês de abril. Ao chegar no país, as famílias são direcionadas às escolas do bairro. Fora deste período, há possibilidades de não haver vagas nas proximidades de casa. No entanto, fique tranquilo. O governo espanhol tem como um dos seus princípios garantir a educação, por isso, é obrigatório disponibilizar o ensino público, mesmo que seja mais distante.
Séries e idades
A educação primária abrange alunos entre 6 e 12 anos e se divide em três ciclos, tendo dois anos de duração cada um. Já a educação secundária obrigatória (ESO) é direcionada para jovens entre 12 e 16 anos e se divide em dois ciclos.
Matrículas
A matrícula na escola é feita pela idade, não sendo necessário realizar nenhuma homologação dos estudos prévios realizados fora da Espanha. Com a simples apresentação do passaporte, a escola irá verificar a idade do aluno e matricula-lo na série correspondente.
Algumas escolas particulares podem realizar prova de admissão. Especialmente as que oferecem aulas em inglês ou outros idiomas podem exigir que o aluno tenha conhecimento suficiente para poder acompanhar as aulas. Na rede pública esse exame não ocorre.
Após concluir a educação secundária obrigatória (ESO), há dois caminhos: ingressar no mercado de trabalho ou seguir os estudos em cursos técnicos de grau médio, que permitirão exercer uma profissão ou ofício, ou ir direto para o bachillerato, também chamado de ensino médio, que dará acesso à universidade.
ENSINO MÉDIO OU BACHILLERATO (entre os 16 e 18 anos)
O Bachillerato corresponde aos dois últimos anos do ensino médio do Brasil. Como essa etapa educativa não é obrigatória na Espanha, fica à critério de cada instituição de ensino aceitar matrículas fora de prazo, diferente do que ocorre na educação primária e secundária. Assim é importante respeitar o calendário letivo do calendário do hemisfério norte (com aulas de setembro à junho).
O Bachillerato é dirigido a quem pretende se preparar para a Universidade. A grade curricular é composta por matérias comuns à todos os alunos, e outras específicas que variam de acordo com a área escolhida. Entre as opções estão, artes, ciências e tecnologia, ciências sociais, ciências da natureza e da saúde.
Esses ramos têm relação com a prova de acesso à Universidade cuja matéria varia de acordo com a carreira escolhida. Assim, por exemplo, quem pretende fazer Engenharia escolherá a área de ciências e tecnologia, quem pretende fazer medicina, ciências da natureza e da saúde.
EDUCAÇÃO UNIVERSITÁRIA
GRADUAÇÃO
Duração
Desde a última reforma no sistema de educação superior, com a implantação do Plano Bolonha, a duração média de uma Graduação na Espanha é de 4 anos, com 240 ECTS (European Credit Transfer System ou simplesmente Créditos Europeus), um sistema que computa também as horas de estudo fora de sala de aula.
Na prática, a duração da graduação na Espanha depende da área escolhida. Aqueles que para obter o caundo em alguns dos cursos mais populares, como por exemplo, Administração de empresas, Direito, História e Economia, são necessários quatro anos.
Porém, os interessados em Bioinformática, conquistam o diploma em apenas três anos. O curso mais longo é medicina, que dura em média seis anos, fora as residências médicas de até cinco anos.
A seguir apresentamos um esquema do sistema de educação universitária espanhol atual, onde grado é a graduação (seja bacharelado ou licenciatura), máster é o mestrado e doctorado é o doutorado.
Carga horária e horário das aulas
Apesar de parecer que as graduações espanholas têm uma duração menor, a carga horária total é igual ou superior à de outros sistemas educativos. Isso porque, cada crédito europeu (ECTS) equivale a 25-30 horas.
Sendo assim, uma disciplina de 4 créditos na Espanha não corresponde a 40 horas, como estamos habituados no Brasil. Essa disciplina então equivale a mais de 100 horas. Normalmente, a matrícula em todas as disciplinas oferecidas em um semestre letivo corresponde a 30 ECTS. Isso costuma implicar 6 horas de aula diárias de segunda a sexta-feira.
As aulas ocorrem normalmente durante a manhã (das 9h às 15h) ou à tarde (das 15h às 21h), não existindo turno da noite.
Quanto custa estudar na Espanha?
Universidades públicas
Diferente do Brasil, as universidades públicas não oferecem ensino gratuito. É necessário pagar uma única taxa de matrícula anual (que pode ser parcelada). Esse valor é definido anualmente pelo governo de cada região, e varia de acordo com a carreira escolhida. O preço do crédito de cursos que exigem laboratórios e equipamentos especiais (como Engenharia ou Medicina) é mais alto do que o de cursos em que basta a presença do professor (como História ou Filosofia). Assim, por exemplo, o curso de Medicina custa aproximadamente 2.000 € por ano em Madrid e Barcelona, 900 € em Canárias e 800 € em Andaluzia. Um ano de Direito na Galícia custa em torno de 800 €, enquanto que em Madrid o preço é de aproximadamente 1500 €.
Abaixo apresentamos um gráfico com curso médio do crédito em cada região da Espanha. Para calcular o valor total do ano basta multiplicar o valor do crédito pelo número de créditos (60 ECTS ao ano). Assim, por exemplo, em Navarra podemos dizer que o valor médio da graduação é de 60 x 19,7 € = 1.182 euros ao ano.
Universidades particulares
Quando falamos de universidades particulares, a despesa costuma ser mais alta, e será possível quitar por meio de mensalidades. Em alguns casos, o custo de um mês na universidade particular representa o valor anual em uma pública. Normalmente, os jovens buscam o ensino particular quando se interessam por carreiras específicas que não são exploradas nas instituições públicas, ou também para ter acesso uma rede de contatos diferenciada.
Abaixo apresentamos os valores médios praticados pelas duas Universidades presentes na região de Aragão, uma pública e outra privada (Fonte: Eroski Consumer):
Universidade | Titularidade | Custo médio anual |
---|---|---|
Universidad de Zaragoza | Pública | 1.092 Euros |
Universidad San Jorge | Particular | 8.292 Euros |
ESPECIALIZAÇÃO (Pós-Graduação Lato Sensu)
Na Espanha, as especializações têm duração média de 30 a 60 ECTS, ou seja, um ou dois semestres. No entanto, são cursos projetados pelas universidades e não costumam ter regulamentação pelo Ministério da Educação. Por isso, não são valorizadas como são em outros países. A própria oferta desse tipo de cursos é escassa, e quando são realizados, muitas vezes sequer são incluídos no currículo. De fato, trata-se de uma formação eminentemente prática, que não conduz ao mestrado nem ao doutorado, mas à prática profissional em determinado campo.
MESTRADO (Pós-Graduação Stricto Sensu)
Para se formar no mestrado é necessário cursar entre um e dois anos (de 60 a 120 ECTS). Com a reforma do sistema de educação superior pelo Plano Bolonha, que reduziu a duração da maioria das graduações para quatro anos, o mestrado se popularizou, sendo quase um requisito obrigatório para o exercício profissional.
Um dos objetivos do novo sistema é unificar a duração dos estudos universitários na Europa. Além disso, a ideia é oferecer a possibilidade de direcionar a formação do aluno para áreas específicas ao final da trajetória. Assim, os quatro primeiros anos se constituíram em uma formação geral e é no mestrado que o estudante dirige sua formação para o campo desejado.
DOUTORADO
A duração média de um doutorado na Espanha é entre três e cinco anos. Antes de prestar o doutorado, é necessário passar primeiro pelo mestrado acadêmico. Nesse sentido, não existem disciplinas pripriamente ditas no doutorado, pois já foram realizadas durante o mestrado, e são feitas outras atividades obrigatórias, como por exemplo, seminários.
O foco do doutorado, contudo, é a pesquisa científica e a elaboração da tese. Também é possível também realizar atividades docentes em sala de aula.
PÓS-DOUTORADO
Esse diploma não é tão valorizado na Espanha como em outros países. Na verdade, o termo “pós-doutorado” sequer é utilizado, assim como, ninguém se atribui ao título de “pós-doutor”. De fato, devemos admitir que o pós-doutorado não é um título acadêmico, e não há sequer banca de avaliação. Trata-se de um estágio de pesquisa, normalmente, em uma universidade distinta da que trabalha o “pós-doutorando”, supervisionado por um outro doutor conhecedor do tema de pesquisa. Em média, essa etapa se conclui entre seis meses e um ano.